13 abril 2012

Uma breve história do Prog e o que ela tem em comum com o Foster the People

Olá galerinhos e galerões do meu Brasil varonil. Puta merda to cada vez mais gay. Enfim, olá moçada que acessa essa inutilidade pública - graças à Odin, por que fosse privada, estaríamos quebrando com essa crise atual - meu nome é Gabriel Bonz e estou aqui para falar um pouquinho sobre o mundo da música!

Muito bem, vamos lá: domingo passado eu fui à edição brasileira do festival do Perry, o cara do do
Jane's Addiction que segundo nosso amiguinho Dave Grohl é o "Led Zeppelin de sua geração". Desculpem o titio David. Ele só podia estar bêbado!

Fanboyzices à parte, eu digo a vocês que consegui acompanhar quase integralmente 5 shows: o reggae-world do pessoal do Thievery Corporation (que deus do céu, tem umas vocalistas que nossa), a barulheira dos goianos do Black Drawing Chalks, a neo-psicodelia prog do MGMT, a dance-indie do Foster the People e toda a música gelada dos Macacos Árticos, meus queridosArctic Monkeys.

Pois é pessoal. Não vou fazer um top de shows ou nada disso, só digo que: Foster e Macacos foram BONS DEMAIS, os goianos mandaram um stoner de primeira e me surpreendi positivamente com as outras duas bandas. Sério.

E é sobre o som dos carinhas do MGMT que eu vim falar aqui pra vocês, meus amigos. Ó a fotinho dos caras:


Pois bem, pois bem. Eu não sei se vocês se lembram, mas eu sou fanzaço do rock progressivo, estilo que surgiu no fim dos anos 60. Tudo começou com a guerrinha entre os Beatles e os Beach Boys, que lançaram suas obras divinas: Sgt. Pepper's e Pet Sounds. Tamanha a complexidade nos discos foi a grande revolução do prog que o pessoal inglês trouxe.

Com isso em mente, as bandas da época foram mesclando essa sonoridade e nós fomos presenteados com obras como Yes Album dos meus favoritinhos do Yes, Selling England by the Pound do Genesis e, por fim, mas não menos importante ou genial, Dark Side of the Moon dos famigerados David Glimour e cia. ou Pink Floyd.

A cena prog cresceu em âmbito e, na minha opinião, foi a cena que mais abrangeu o cenário "pop ou quase isso" mundial. Tivemos representantes holandeses (Van Der Graaf Generator), o prog italiano (Banda Del Mutuo Soccorso), franceses (Can e Ètrou Les Fos), estadunidenses (Egg), e até brasileiros! Os Mutantes e Ronnie Von não me deixam mentir. Isso só no começo da década de 70! (Enquanto isso um pessoalzinho fazia seu barulho mais metálico nos pubs ingleses com o comecinho do heavy metal e extremo [Sim, Ozzy, estou olhando pra você])

Mas, o movimento prog, conhecido por composições complexas, grande duração das músicas e um misticismo que beirava o paganismo, acabou por ter seu grande vilão: uma das suas maiores bandas, o Yes lança em 1973 o álbum que acaba com tudo: Tales From Topographic Oceans (que não é um álbum ruim, porém é bem chato). Com 4 músicas de cerca de 20 minutos cada, o álbum, aclamado pela crítica - e pelo próprio tecladista da banda, Rick Wakeman - como "um monte de técnica, sem nenhum sentimento, sem nenhum feeling" condena não só a banda ao "esquecimento" (o único álbum bom que o Yes lançaria depois é o Tormato, de 78) como toda uma geração de bandas.

O Pink Floyd tem sua época de glória com o Dark Side of the Moon e ainda é prorrogada com o The Wall - já fugia do prog. Depois de lançar a ópera-rock The Lamb Lies on Broadway, Peter Gabriel deixa o Genesis, iniciando o pop que Phill Collins conquista na banda. Com a banda em queda desde 72, o King Crimson encerra suas atividades em 74.

Em seguida temos a "década perdida" que é a década de 80. Com o movimento punk de gente como Sex Pistols e The Clash e o alternativo do The Cure o prog fica esquecido. Antigos membros de várias bandas conhecidas montam o Asia que faz relativo sucesso longe do mainstream na década de 80. Outras bandas que eram influenciadas pelo prog continuam sua carreira durante a década, como o Queen. Temos também o Rush que mantém-se progressivo por toda a década de 70 e começo da década de 80, e lança sua obra prima, Moving Pictures em 81; depois vêm a fase new wave instaurada por Geddy.

Mas é em 92 com Images and Words dos americanos do Dream Theater renascem com o prog. Bem diferente, claro, com um peso característicos dos contemporâneos dos anos 70 como Black Sabbath, e sem toda a psicodelia que herdaram do movimento hippie. E, com o DT temos bandas como Qüeensryche e Watchtower começam a fazer sucesso; atrelado à esse movimento, é lançado o neo-prog de gente como Porcupine Tree e Spock's Beard. As duas vertentes progressivas vão coexistindo com trabalhos geniais, mas sempre no underground - a única exceção, lógico, os piruliteiros do Teatro dos Sonhos. Trabalhos incríveis calcados no metal extremo como Opeth (uma das melhores bandas que já existiram), Katatonia, Anathema e Ayreon; até projetos revival e renascimentos como o - vergonhoso, diga-se de passagem - álbum do Yes.

E é agora que a música progressiva volta com tudo, calcada no movimento alternativo que estourou no começo da década de 2000 com os Strokes e o Arctic Monkeys. A musicalidade dessa moçada, com seus riffs malucos e bateria frenética, com um vocal levado de uma maneira bastante incomum, se mistura com toda a psicodelia do prog que vem desde sempre.

A banda que marca principalmente esse revival são os garotos do MGMT. Até em seus hits mais pop, como Kids ou Electric Feel eles têm um quê de hit pop do prog - como Tom Sawyer do Rush ou Closer of a Lonely Heart do Yes.

E não é só o MGMT que entra nessa onda: outras bandas menos conhecidas mas igualmente boas vêm calcadas nessa. LCD Soundsystem e !!! (que aliás é um nome genial) mostra como o prog pode ainda ser bem aproveitável e, além disso, atrelar-se ao pop. É, galera.

Peguemos o pessoal do Foster the People por exemplo. O hit deles, Pumped Up Kicks tem tudo pra ser prog. A levada do baixo, o experimentalismo do teclado, a voz - hehehe isso é só por que o cara canta igualzinho ao Jon Anderson - e a percussão/bateria da banda frenética dita isso. Com certeza, com a maturidade musical que Mark Foster e sua trupe vão conseguindo com o tempo, eles podem vir a se tornar o que o Porcupine Tree e o Dream Theater foram na sua época e o Opeth está sendo hoje: os responsáveis pela chama do prog não morrer.

Meu twitter: @3onz

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